Qual a definição de anátema e seu significado?
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Qual a definição de anátema e seu significado?

Anátema é um termo usado para descrever uma condenação feita pela Igreja. Como ela pode acontecer e no que ela consiste, você pode descobrir aqui.

minutos de leitura | Bernhard Meuser

Definição

Comunhão, excomunhão, expulsão da Igreja

A palavra “comunhão” vem do latim (communio) e significa “comunidade”. Viver em comunhão com outros cristãos batizados é fundamental para ser cristão, assim como o são a profissão plena de fé da Igreja (= o Credo), os sete sacramentos e a participação no culto, principalmente na Eucaristia, onde os Cristãos unem-se a Cristo e uns aos outros por meio da recepção de Seu Corpo e Sangue. “Excomunhão” não é apenas a proibição de receber a Comunhão; é a suspensão da comunhão eclesial de um indivíduo ou comunidade que, abertamente, violam a doutrina e/ou a prática da comunidade de fé. A “excomunhão” pode ser declarada ou revogada oficialmente pela Igreja, ou pode ser imposta automaticamente. Uma excomunhão ou um anátema (originalmente do grego anathema = aquele que é entregue à ira dos deuses) é entendida como a reação da Igreja a uma falsa doutrina. Assim como a Igreja pode ensinar de uma forma fundamentalmente obrigatória (= dogmática), também está autorizada a realizar condenações doutrinárias obrigatórias, por meio das quais sempre condena o ensinamento, não a pessoa. Devido ao mau uso do banimento eclesial, que na Idade Média foi usado exageradamente e aplicado a pessoas, a Igreja tem sido cuidadosa com esse instrumento nos últimos séculos, e somente tem emitido declarações de incompatibilidade de opiniões doutrinárias com os ensinamentos da Igreja Católica, ou retirado a autoridade de ensino de teólogos católicos específicos.

O que diz a Bíblia?

Mesmo no tempo dos apóstolos e no início da Igreja, a unidade foi um importante tópico dentro da Igreja, assim como a transmissão completa dos ensinamentos da fé. Em poucas palavras, aqueles que perseveraram na “doutrina dos apóstolos” e na “fração do pão” pertenciam à Igreja (Atos dos Apóstolos 2, 42). Dificilmente há um tema mais importante para o apóstolo Paulo do que ser “firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada” (Tito 1, 9 e muitas outras passagens). Paulo alerta a Igreja para que não creia em pregadores falsos, por exemplo em Gálatas 1, 8-9: “Mas, ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!”. Paulo os teme: “Procura esquivar-te das conversas frívolas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena” (II Timóteo 2, 16-17). A Igreja deve levar este aviso a sério: “Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da doutrina que recebestes. Evitai-os!” (Romanos 16, 17). É especialmente tarefa dos bispos - os sucessores dos apóstolos - zelar pela integridade e verdade da proclamação da fé. Eles são os sumos sacerdotes, professores e líderes da igreja. Em seu discurso de despedida em Mileto, Paulo exorta: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos” (Atos dos Apóstolos 20, 28-30).

Uma pequena catequese do YOUCAT:

A Igreja Excomunga a Si Mesma Atualmente?

Atualmente, você meio que sente que a Igreja não se encaixa mais, como se ela fosse de um outro tempo - ela parece uma composição misteriosa de rituais estranhos e ensinamentos ainda mais estranhos. Mas a Igreja já se encaixou realmente em algum momento?

Até agora, a Igreja já tem 2000 anos. E você pode dizer que é um milagre que ela ainda exista. Ela começou, contra todas as probabilidades, nas igrejas domésticas em Jerusalém e sobreviveu nas catacumbas romanas. O imperador Constantino transformou-a na religião do estado sem questionar muito depois. Clãs celtas a traduziram de acordo com a visão de mundo violenta de suas tribos. Inquisidores a usaram enquanto roubavam ouro de nações distantes e os índios nativos a aceitaram apesar do fraco testemunho de seus conquistadores. No entanto, os cristãos sempre conseguiram, de maneira milagrosa, convidar para algo muito estranho, para “uma comunhão viva com Jesus” (YOUCAT 12). Porque é isso o que a Igreja é. A Igreja não é uma instituição comum, com seu estatuto do clube e um tesoureiro. A Igreja é uma “comunhão com Deus, a qual, desde os tempos dos Apóstolos, se manteve genuína na Igreja Católica” (YOUCAT 12).

Inalterada? Fica pior!

Esta Igreja de fato afirma conter a “Verdade”, e mais, ter a presença de Deus. YOUCAT 13 diz: “É certo que alguns membros da Igreja se podem enganar e até cometer erros graves, mas a Igreja, como um todo, nunca se poderá desviar da Verdade de Deus. A Igreja transporta, através do tempo, uma Verdade viva, que é maior que ela mesma. Fala-se de depositum fidei, o tesouro da fé, que deve ser preservado. Caso alguma verdade seja publicamente questionada ou deturpada, a Igreja é desafiada a trazer novamente à luz ‘aquilo em que se creu por toda a parte, em todos os tempos e por todos os crentes’ (São Vicente de Lérins, † 450).”

Isso sempre foi difícil de acreditar. E é por isso que cristãos têm sido sempre “excomungados” das sociedades. Hoje, em mais de 50 nações do mundo, 200 milhões de cristãos sofrem às vezes uma perseguição imensa. Na realidade, esse pode não ser o pior sinal.

Em vez disso, você pode entender como um sinal muito ruim quando os cristãos não mais provocam, não ofendem mais, e agem como os queridinhos de todos, encaixando-se perfeitamente no mundo normal. Esse parece ser exatamente o problema que a Igreja tem no mundo ocidental: Ela adormeceu nas almofadas dos privilégios de que usufrui e se misturou a este mundo, perdendo sal e autoridade. Já em 1958, o que mais tarde seria o Papa Bento XVI disse: “Esta Europa, chamada cristã, se transformou em um berço para o paganismo nos últimos 400 anos, o qual está crescendo incontrolavelmente dentro da própria Igreja e ameaça miná-la... Hoje o paganismo está presente dentro da própria Igreja. A Igreja não poderá evitar, aos poucos, sair da proteção do mundo e se transformar novamente no que ela deve ser: Comunidade dos fiéis”.

O Retorno do Sal e da Autoridade

Olhemos para a Igreja primitiva. As pessoas que saíram de suas origens judaicas, gregas, romanas e pagãs foram batizadas e decidiram por uma opção que automaticamente as “excomungava” de suas sociedades. Eles se afastaram da “vã maneira de viver, recebida por tradição de (vossos) pais” (I Pedro 1, 18) e arriscaram tudo por nosso Senhor Jesus Cristo (Filipenses 2, 11). Concretamente, isso significou: Afastar-se de todos os poderes que pudessem influenciar os humanos. Paulo os chama: “idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gálatas 5, 20-21). Isso fez com que se tornassem estranhos para seu mundo, um mundo do qual eles não se afastaram como pessoas melhores; onde quer que fossem verdadeiramente bons (e, assim, verdadeiros cristãos), tentavam servir, porque viam Cristo em cada pessoa.

A crescente comunidade dos cristãos sempre foi, primeiramente, uma opção pela qual se deveria decidir livremente e, em segundo lugar, uma comunidade com um perfil claro e uma identidade clara. Essa identidade também incluía que fossem "excomungados" aqueles que se opunham ao espírito do Evangelho, os que trouxessem brigas e divisões para a comunidade ou os que o provocassem por comportamentos imorais.

Hoje Sentimos que Tudo Isso é Irrelevante e Intolerante

Não pode uma comunidade, que se esforça para manter sua própria identidade e que não quer perder o seu perfil, dizer aos outros quem ainda a ela pertence e quem não pertence mais? "Assim como no campo de futebol você não pode ter a liberdade de tocar a bola com as mãos, a Igreja não pode permitir dentro de sua comunidade a 'liberdade de religião', que é contra a Boa Nova" (Jochen Teuffel). Quem comete uma falta é expulso do jogo. É claro que dói se um bispo agir corretamente dentro de seu papel de zelar. A palavra grega para “bispo” é episkopos, e significa “supervisor”. A verdade é que não há somente grandes teólogos, que são uma bênção para a Igreja, mas também há “falsos mestres” dentro da Igreja, que pensam que são o próprio Magistério, que consideram Jesus como qualquer um de nós, que dizem que a Ressurreição é algo simbólico, que os dez mandamentos estão obsoletos e que consideram a empresa abortista “Planned Parenthood” como compatível com o Evangelho. Antes que os alunos aprendam com eles para não reprovar nos testes e, mais tarde, professar mentiras ao invés do Evangelho, o pastor precisa se levantar e dizer: Meu amigo, você pode ensinar o que quiser. Mas não em nome da Igreja.